Pink Bobblehead Bunny

terça-feira, 26 de julho de 2022

Lágrimas de saudade (conto de 02/07/2013)


Faz dois dias que estou aqui...

Eu e minha mãe nos mudamos para um lugar horrível. Sinto falta do meu lugar, da minha casa e não estou acostumada com essas coisas de ''ar livre''. Minha mãe disse que cidade grande traz poluição e não é bom para nós.

Amigos, colegas, pessoas que eu gostava, bons momentos, tudo deixado para trás. Sentia saudades do meu pai. Se ele ainda estivesse morando comigo e com minha mãe, não deixaria que ela fizesse isso.

Não que ela seja uma pessoa ruim, só que ela escolheu o pior lugar para morarmos!

Mas o que eu mais sentia falta era dele... Um garoto muito especial que eu sempre observava de longe, talvez nem soubesse de minha existência.

Eu sempre ia no mesmo lugar que ele ia, com minhas amigas é claro, para vê-lo mesmo não podendo conversar com ele por ter vergonha demais. Elas diziam que talvez tentar não fizesse mal, que ele era uma pessoa como todos nós e não iria ''morder''. Eu ria com o comentário e dizia que preferia ficar quieta em relação a isso. Imagina que estranho você chegar ´para um garoto que nem conhece você e se declarar do nada? Bizarro não?

Mas eu o conhecia, conhecia muito bem. Só ele não sabia disso. Mas se ele me notasse e quisesse falar comigo, ele que viesse,pois não sou de correr atrás. Ele que deveria perceber meus sentimentos sozinho e se não percebesse, bom aí que ficasse por isso mesmo não é?!

Mas, chegar para fazer amizade não era uma ideia ruim. Só que eu sou tão tímida para essas coisas que acabava sempre deixando para o próximo dia, do próximo eu passava para o outro, e outro e assim sucessivamente. Até que me mudei e nunca tive a chance de conversar com ele. E eu não tinha motivos para voltar em minha antiga casa a não ser que fosse para visitar uma amiga só que isso seria muito raro porque minha mãe trabalhava o dia inteiro e eu vivia cuidando da casa pela tarde no tempo em que eu estaria livre. E no fim de semana quando eu estava realmente livre, elas nunca estavam em casa. Outra que eu mudei-me para muito longe não é assim: ficar pegando avião e trem todo fim de semana.

É complicado para mim. Duas noites que não durmo pois lágrimas de saudade escorrem pela minha face a noite quando tento dormir.

Saudades do meu pai, dos meus amigos, do garoto que gostava, dos momentos divertidos que passei com amigos e colegas que nunca mais voltarão...

Agora é só seguir em frente e tentar recomeçar uma nova vida, com novos amigos, novos momentos e aventuras... o que eu não sei se vai acontecer porque será difícil eu me adaptar.

Mas de uma coisa eu sei: Eu quero voltar para casa.

E enquanto isso não acontecer, essas lágrimas de saudade não pararam de cair, noite após noite.


Noites de Margaridas



 04/09/2009 3:35 p.m - Sexta-feira.

Querido diário:
 
Irei me mudar em breve!!
Isso é muito chato, não é uma coisa que eu queria, mas a mamãe disse que é necessário por serem coisas de adulto que eu ainda não entendo. Como se eu não soubesse que ela e a titia brigaram.
Eu não sou adulta, mas sou bem grandinha para entender essas coisas, sabe? Afinal tenho 12 anos completinhos!
Quando estou muito triste e quando as coisas não estão dando muito certo, eu venho até o campo de margaridas me esconder e contar tudo a você, é meu refúgio de paz. Eu nunca contei isso a mais ninguém fora você e o Timothy.
É aqui onde construo minhas melhores ideias e  onde compartilho minhas melhores alegrias também. É onde eu, Tiff e Daphne brincamos de esconder. É o lugar que eu quis passar um dos meus aniversários pois não existe lugar melhor na minha opinião.
Mas agora tudo isso vai acabar e sinceramente eu não quero ir.
Mamãe disse que as coisas na cidade grande são melhores, que existem inúmeros lugares pra gente visitar e existem variedades que aqui onde moramos não existe.
Mas não o meu campo de margaridas,  isso é algo que só existe aqui!
Ela disse que existem muitas grandes praças na cidade e lá há flores também, o que deve ser legal, mas ainda assim... Esse lugar é especial, entende?
Foi meu primo Timothy que me mostrou que ele existia. Ele era bem mais velho e um dia, mais especificamente o dia das crianças,  eu estava triste e chorando muito porque o papai tinha esquecido de me buscar para o nosso jantar especial e nada me consolava. Foi então que o Timothy chegou na nossa casa de bicicleta. Ele tinha 14 anos e eu 7. Ele sempre chegava com um presente legal, mas nesse dia nem mesmo o presente do meu primo foi capaz de acalmar os meus ânimos.
— Ei Cléo, por que não fazemos nosso próprio jantar especial? Eu sei de um lugar que você vai achar irado!
E com essas palavras eu sequei as lágrimas dos olhos e segui meu primo com muita curiosidade. À medida que andávamos, mais distante de casa eu ficava mais e ainda mais curiosa. Ele segurava minha mão e na outra carregava uma cesta de onde saia um cheirinho muuiito bom.
Depois de andarmos um tempo lá estava... Centenas, dezenas ou mais? Eram tantas que nem dava para contar. Um campo inteiro de margaridas iluminadas pela luz da lua.
Lembro que minha tristeza cessou naquela hora e meu rosto parecia se iluminar a cada passo que eu dava em direção a elas. Corri no meio delas, girei, brinquei, aquela foi uma noite incrível!
Depois que sentamos perto delas e fizemos um piquenique meu primo sorrindo me disse: "Esse será o nosso lugar especial Cleo."
Hoje ele mora com as estrelas e quando quero visitá-lo eu sempre venho aqui a noite. É como se sua presença permanecesse nesse lugar, como se nunca tivesse ido embora.
E eu simplesmente não posso deixar isso para trás...
Mamãe acha que se comprar um quadro com diversas margaridas pintadas nele vai ser o suficiente para mim, mas não é! Pretendo falar com ela como me sinto, pretendo contar tudo a ela e minha tia também. Quem sabe assim elas possam me entender... Assim espero. Elas são irmãs gêmeas, como a Tiff e a Daphne. E mesmo tendo algumas divergências de vez em quando, as gêmeas costumam ter às vezes uma visão um tanto parecida sobre algum assunto.
Eu espero que elas possam entender meu lado, volto aqui depois que eu conversar com elas, ok?

Com amor, Cléo.


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04/09/2009 9:40 p.m - Sexta-feira.

Querido diário:

Olá, sou eu novamente! Depois de muita conversa e sentimentos expressados, eu acredito que entramos em um tipo de acordo mas... Infelizmente elas não mudaram a decisão delas. Elas falaram que é algo que eu realmente só entenderia quando fosse a hora, e que mudanças como essa são necessárias para melhorar um conflito. Elas sugeriram que eu levasse algumas margaridas em um vaso pequeno, onde possamos plantá-las, assim terei a memória dele comigo. No início da noite fizemos um piquenique perto das margaridas e foi como naquele dia em que estávamos lá, eu senti a mesma alegria uma nostalgia enorme e senti a presença dele cuidando de mim.
Sabe diário, tem coisas que eu realmente não entendo ainda, e nem acho que eu deva agora, apesar de querer muito, mas conversar com elas me esclareceu muitas coisas. O que há no coração, jamais pode ser tirado de nós e momentos bons também podemos levar conosco, afinal são mais valiosos do que qualquer objeto pessoal.
Eu estou feliz de ter aprendido essa lição hoje, a tensão da minha mãe e da minha tia também parece ter diminuído bastante, o que é muito bom!
Eu vou levar algumas margaridas comigo, irei deixar uma em um pequeno vaso e as outras irei plantar na praça mais bonita que eu encontrar!  Afinal, não quero levar apenas elas, mas o mesmo sentimento que eu tinha ao ir para aquele lugar. Todas as lembranças,  tudo que foi vivido até então, se ao menos eu puder observá-las a noite mesmo que em outro lugar, acredito que ainda ali existirá o mesmo brilho.
E isso é algo que preenche meu coração.
Bom, tenho que dormir, afinal amanhã é a mudança e agora estou ansiosa por ela! É sempre bom esclarecer as coisas para aliviar o coração e encontrar uma maneira para resolver nossos problemas, mesmo que não seja do jeito que a gente imagina né?

Obrigada diário, é sempre muito bom poder contar com você!

Boa noite!

Com amor, Cléo.

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08/09/2009 17:25 - Terça-feira

Querido diário:

Sou eu novamente, Cléo! Mas claro que isso você já sabe, a não ser que alguém roubasse você de mim, o que eu jamais deixaria!
Você é como um amigo de longa data, e sempre te protegerei!
Enfim, desculpe a demora para atualizar os fatos, eu e mamãe estávamos muito ocupadas por conta de toda a mudança, e organizar tudo em uma casa menor foi bem difícil.
Minha tia ligou todos os dias para saber se estamos bem, no fundo acho que ela já está sentindo nossa falta, mas é uma decisão que minha mãe tomou e agora com certeza não voltará atrás. 
Passeamos um pouco pela cidade no domingo e adivinhe diário? Eu encontrei o lugar perfeito para plantar as margaridas! É um lugar muito legal chamado Treeland Sea, ele é como um centro comunitário, onde existem muitas pessoas trabalhando, estudando ou simplesmente se divertindo. Eu simplesmente adorei o lugar, e acho que me inscreverei para o curso de botânica semana que vem que eu descobri que tem por lá!
Depois de trazer as margaridas com todo o cuidado para minha nova casa, eu comecei a estudar um pouco mais sobre elas e outras flores também, foi o que me motivou bastante pra fazer esse curso.
Nós descobrimos esse lugar quando eu e mamãe já tínhamos caminhado bastante e ficamos com fome. Nisso, paramos em frente a uma entrada linda, que parecia de algum tipo de parque ou condomínio e minha mãe perguntou se por alí havia algum tipo de lancheria para comermos. Foi aí que um senhor muito simpático nos ofereceu café e bolachas para nós e falou tudo sobre esse lugar. 
E sabe qual é a melhor parte? 
Lá dentro tem um campo de margaridas infinitamente maior! Parece que foi o destino ou algo assim que fez a gente se mudar para cá.
Eu acho que o Timothy que nos guiou, acredito fortemente nisso, você também acredita?
Coloquei minhas margaridas perto das suas novas irmãzinhas, acho que faz bem elas ficarem perto de outras margaridas também. 
Terei que ir agora, pois amanhã é um novo dia e amanhã quero explorar novos lugares dessa cidade. 

A vida muitas vezes não dá o que esperamos, mas nos surpreende de formas incríveis não é?

Sempre muito bom conversar com você!

Até mais!

Com amor, Cléo.

Fanfiction: Chuva de Estrelas (anime: Spy x Family)

 


— Anya quer ver as estrelas!

Foi o que ela disse.

    Não fazia muito tempo desde que havíamos nos tornado uma "família". Eu ainda precisava ser cauteloso e agir como se fosse realmente um pai.

Mas não é nada fácil com um alvo em jogo. Eu ainda precisava desmascarar o Desmond.

— Podemos fazer isso outro dia Anya, prometo.

— M-mas hoje é o único dia que vai chover estrelas, Anya quer ver pa! 

Ela sabe ser muito convincente quando quer!

— Lloyd, eu não acho que fará mal levar ela para ver as estrelas só um pouquinho, certo Anya? — Yoru dizia com um sorriso.

Duas contra um, "perfeito''.

— Certo, nós iremos, mas ficaremos apenas um pouco e depois vamos voltar para casa certo?

— Obaaaa, Anya concorda! O pa e a ma são os melhores! — Anya rodopiou pela sala enquanto abraçava nossas pernas alegremente.

    E assim nos dirigimos até um pequeno festival que estava sendo realizado pelos habitantes de nossa cidade, a chuva de meteoros que ocorreria uma vez e outra como aquela só daqui há 50 anos mais tarde.

Muitas barracas foram montadas para o grande evento de doces, salgados, quiromancia, jogos e muitas coisas desse tipo. Enquanto eu e Yoru caminhávamos lentamente, Anya corria entusiasmada a nossa frente admirando cada mínimo detalhe do lugar.

De repente ela para e posso ouvir um pequeno ruído vindo de algum lugar.

—  Já entendi, tem alguém com fome. Irei buscar algo para comermos e volto em um segundo, Yoru fique de olho na Anya.

—  Anya está debaixo dos olhos da ma!

— Com certeza, fique tranquilo, Lloyd!

Fui até uma barraquinha onde estavam vendendo alguns hambúrgueres e bolinhos de peixe.  Pedi  três hambúrgueres, alguns bolinhos e fiquei aguardando. Parecia algo surreal que algumas semanas atrás, eu estava resolvendo missões de um nível totalmente diferente deste, uma família, quem diria. Como resolvi cortar qualquer tipo de relacionamento, essa missão é praticamente um completo desafio. Não sou bom com crianças, nem esposas, mas realmente tive sorte, foi fácil encontrá-las e até que Anya não dá tanto trabalho assim. E quanto a Yoru, ela também tem seus motivos, então foi fácil fazermos acordo. 

Enquanto estou perdido em pensamentos no caminho de volta, escuto um grito.

Era o de Anya.

O que poderia ter acontecido?

Corri rapidamente tentando não derrubar os lanches até onde elas estavam.

— Vocês estão bem?

Quando cheguei, muitas pessoas cochichavam com uma expressão de espanto e no chão perto de Anya e Yoru haviam dois homens visivelmente feridos, seus rostos estavam inchados, seus braços torcidos e eles se contorciam de dor. Nada de incomum que eu já não havia visto, mas o que me espantou foi que Yoru segurava duas armas apontadas para eles. Provavelmente, as armas dos mesmos homens que tentaram atacá-las.

— Esses homens maus tentaram machucar a ma! — Anya dizia com os olhos marejados.

— Pelo jeito você deu um bom jeito neles, mas vamos embora daqui, isso não é uma boa ideia.

— Eu apenas estava protegendo a Anya! — Yoru me olhou com reprovação.

— Eu acredito em você, protegeu bem demais! — a encarei.

Yoru deu um gritinho de espanto e largou as armas no chão, surpresa com o que ela própria fizera. É claro que não havia atirado neles, e sim dado uma boa surra, mas por pouco algo pior não aconteceu. E isso colocava todo nosso plano em risco.

— Vamos embora Anya. — a peguei no colo.

— Mas pa, a chuva de estrelas!

— Com certeza haverão muitas outras pra você ver, tenho certeza. — daqui há 50 anos tenho certeza que ainda estará viva. — pensei.

— Waaaaa, Anya não quer ver só daqui a 50 anos, Anya quer ver hoje! — ela protestava em meu colo e chorava. É muito estranho como essa garotinha parece ler o que estamos pensando, como ela sabia disso? Provavelmente pela tv.

— Escute Anya..— 

— Podemos encontrar um lugar melhor para vê-las, um pouco mais longe daqui, o que acham? — Yoru me interrompeu com um sorriso..

— Maaaa, que grande ideia! — Anya agora esboçava um sorriso, saltando para o colo de Yoru alegremente.

— Ai ai, tudo bem, mas depois iremos direto para casa, essa noite já está ficando longa demais! — protestei.

— Tenha mais paciência, Lloyd, que tal comermos os lanches? Esse mal humor todo parece ser fome. — ela ria enquanto Anya concordava rindo junto.

Essas duas ainda vão me causar um problema.

— Tudo bem, vamos.

    Andando por alguns minutos, encontramos uma espécie de colina com uma única árvore e um banco, dava uma boa visão da chuva de meteoros e podíamos comer nossos lanches.

Porém, nuvens começaram a se alinhar e com certeza isso não deixou Anya feliz.

— Oh não… eu sinto muito Anya! — Yoru se dirigiu a ela com um olhar triste.

— Anya… Anya queria muito ver a chuva de estrelas, e não só chuva comum… — Anya suspirava de uma forma tão triste que chegava a cortar o coração, admito.

— Precisamos achar um lugar para nos abrigarmos até a chuva passar.

— Tudo bem.. — Anya suspirou de cabeça baixa.

Antes da chuva começar, encontramos um pequeno abrigo não muito longe dali, com banquinhos também e nos sentamos para finalmente comer os lanches.

Nós três sentamos em um dos bancos de onde se podia ver toda a cidade e as luzes de muitas casas. Também havia árvores por todo o lado. Anya sentou-se em nosso meio com os pés em cima do banco e abraçou os joelhos com a cabeça baixa.

— Anya, quer bolinhos de peixe? — Yoru perguntou tentando animá-la.

Anya apenas sacudiu a cabeça em reprovação.

Crianças são mesmo um mistério, uma hora estão muito felizes e eufóricas e de repente uma única coisa parece estragar o dia delas. E é tudo por conta da inocência que elas possuem.

Crianças não sabem o que é a dificuldade da vida adulta, e não sabem que muitas coisas que acham ser magia acabam por se desfazer quando crescem. Mas apesar da Anya saber o que é dor e sofrimento, afinal foi rejeitada por quatro famílias, ela ainda tem sua inocência de criança, mesmo sendo muito diferente das outras.

E é claro que a chuva forte começou a cair, e Anya parecia cada vez mais desanimada.

Eu vendo isso tinha que fazer alguma coisa. É claro que não seria o resultado esperado, mas tentar não custaria.

— Ei Anya!

Ela levantou a cabeça para me olhar.

— Sei que não é uma “chuva de estrelas” mas tenho algo para você. 

Tirei um pequeno papel do bolso. Seu embrulho era azul escuro e continha estrelas cadentes. Seu olhar curioso pareceu se iluminar um pouco.

— Isso é…

— Abra Anya! — Yoru a incentivou.

— Ela abriu o papel e abriu também um pequeno sorriso.

— Amendoins! Eu aamo amendoins! Obrigada pa! — Anya se inclinou para me abraçar. Fiquei surpreso no início mas retribui o abraço gentil daquela pequena garotinha.

— Sabe, nós seres humanos, adultos e crianças, podemos ter problemas na vida que podem não se comparar, mas eles sempre passam, eles nunca permanecem para sempre.

— Assim como a chuva? — Ela completou minha frase antes de eu terminar.

— Isso você entendeu, assim como a chuva! — Essa menina realmente tem algo de incomum, disso não tenho dúvidas.

— Ei, falando nisso olhem a chuva está parando! — Yoru comentou.

Pareceu como uma chuva de verão, dessas fortes que caem mas depois logo param. As nuvens se dispersaram lentamente e as estrelas começaram a surgir no céu uma a uma.

E de repente, um meteoro caiu, depois outro, e outro e assim foi se seguindo.

— É  a chuva de estrelas, a chuva de estrelas! — Anya pulou do banco e começou a correr e rodopiar alegremente olhando para o céu.

— Você conseguiu vê-la, afinal! — Yoru comemorava com ela segurando sua pequena mãozinha.

— Graças a você ma, e ao pa! Vocês são mágicos! — ela olhou diretamente para mim e sorriu.

Meu coração não pode deixar de sentir algo estranho e diferente, O que será isso? 

Essa sensação era nova para mim, mas não era algo tão ruim.. Só me surpreendeu.

Crianças podem ser um mistério. 

E a alegria delas é fascinante.

Assim como a da Anya e sua chuva de estrelas.

Spiral Rainbow



 

    Talvez eu e você nunca conversamos na vida e nem conversaremos... ou então de repente conversamos a vida toda e você de alguma forma encontrou minha anotação perdida por aí! De qualquer forma, preciso compartilhar isso com alguém, ou só com as linhas que escrevo mesmo.

Mas eu não me importo que você leia ok? É sério, de verdade, pode ficar a vontade para ler, eu não me sentiria desconfortável nem nada por confidenciar algo meu, só... por favor, não pense que sou maluca ou algo assim, é meu único pedido.

Caso você logo no meio comece a cogitar pensar sobre isso, eu ficarei bem triste.

    Eu me chamo Kelly e sou fascinada por fenômenos naturais, tipo, fascinada mesmo! Eu amo observar o céu por horas e ficar esperando algo diferente acontecer. Ok, isso pode parecer loucura, muitos que me conhecem acham isso... Ou melhor, "conhecem" vamos dizer assim, porque se me conhecessem a fundo, me entenderiam, creio eu.

E se fizessem o mesmo, veriam o quão fascinante é esse enorme lençol azul acima de nós que infelizmente poucos dão importância.

    Desde os 6 anos, quando vi o primeiro ovni, pedi uma filmadora e um telescópio de alto alcance de natal para os meus pais. É claro que eles não me deram, pois dinheiro não nasce em árvore, e precisávamos comer, foi o que eles disseram. Mas nessa pequena cidade à beira mar em que vivo, existia um anjo luminoso, era assim que eu a chamava, o nome dela era Lyra.

Lyra era o tipo de menina com alto poder aquisitivo, porém uma pessoa muito gentil, que não se importava com sua alta quantia de dinheiro, ou ajudar pessoas necessitadas, muito menos se recusava a falar com elas. É claro que eu não passava tanta necessidade assim, tinha o suficiente para comer, estudar, comprar boas roupas e uma viagenzinha ou outra de vez em quando, mas também existia vezes em que a situação apertava, o que é normal para muitos cidadãos hoje em dia e também daquela época. Mas minha real necessidade era um telescópio!

Lyra e eu nos conhecemos de uma forma bem estranha, eu acho, mas bem legal! Era o segundo dia da lua cheia, não lembro em que data exatamente, mas isso lembro bem, costumo decorar momentos importantes por conta das fases da lua, mas isso não vem ao caso agora. Eu e minha mãe estávamos voltando caminhando da escola para a casa, deveria ser umas seis horas da tarde, pois o sol começava a se pôr, e o céu estava daquela forma tão bonita que eu amava, tons de laranja que se misturavam aos azuis acinzentados do fim de tarde e a lua surgindo timidamente no céu enquanto o sol com seu forte brilho se despedia no horizonte.  Nisso eu e mamãe passamos em frente a um trailer de cachorro quente, e como toda "boa "criança arteira, com fome e cansada, tive a "brilhante" ideia de pedir um.

— Kelly, você sabe que essas porcarias da rua podem fazer mal ao estômago. Temos muita comida em casa, não se preocupe!

— Mas mamãe, eu não quero, eu quero um cachorro quente!

— Você sabe o que isso vai causar a você depois?

— Satisfação! — Sim, eu podia ser uma criança bem espertinha quando queria.

— E uma enorme dor de barriga, afinal —

— Afinal todos os lanches "de rua" são assim na sua visão, não é?  — disse uma moça muito elegante que passava perto de nós.

Minha mãe ficou espantada quando viu uma mulher desconhecida contrariá-la. Ela detestava que alguém a contrariasse, ainda mais uma pessoa totalmente desconhecida. Mas antes que ela pudesse abrir a boca para responder a mulher continuou:

— Não se preocupe, tudo o que compramos é de qualidade, a sua filha não vai ter nenhum tipo de alergia ou dor de barriga. Meu marido e eu estamos nisso há anos!

Minha mãe nesse momento ficou sem fala, ela não imaginava que aquela moça tão elegante fosse dona de um trailer tão pequeno. Nisso consegui convencê-la sem ao menos dizer uma palavra. Logo quando a lua já estava um pouco mais evidente, uma menininha de cabelos claríssimos como um dente de leão me chamou em um canto.

—  Você gosta muito da lua! — disse ela com um sorriso espontâneo e leve. Não foi uma pergunta e sim uma afirmação. Como ela sabia? Até hoje me pergunto isso.

— É?... É! — respondi um tanto espantada pela sua afirmação como se ela pudesse ler minha alma.

— Já viu como ela realmente é? De pertinho? —  me questionava com um olhar curioso.

— Como? — Senti minha curiosidade crescer.

— Me segue! — ela mal terminou a frase e eu já estava a seguindo adentrando em um quintal enorme, com muitas árvores e uma piscina enorme também.

Quando entramos na casa e subimos todas aquelas escadas que pareciam não ter fim, chegamos a uma área aberta com um enorme telescópio apontado exatamente para a direção em que a lua se encontrava no momento.

— Essa é a melhor hora! — ela disse com entusiasmo. — Suba aqui! — ela apontou um banquinho em frente ao telescópio.

E foi naquele dia que eu tive uma das visões mais bonitas da minha vida e ganhei uma amiga. Mas eu não sabia que o melhor de todos os fenômenos  ainda estava por vir.


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    Tínhamos 14 anos. Eu e Lyra fazíamos aniversário em datas muito próximas e ela era simplesmente fascinada por arco-íris, o que era ironia por conta do significado de seu nome. Ela sabia de cor cada tipo existente. Arco-íris vermelho, arco-íris roda cor, arco-íris nas nuvens, arco-íris lunar… enfim. Ela tinha alguns quadros com fotos deles em seu quarto, muito bem feitas  que ela mesma tirou, havia feito sete mechas coloridas em seu cabelo, bem fininhas e seu desenho animado favorito era My Little Pony. 

No aniversário dela, sempre procurávamos saber que dia choveria que o tempo não estivesse totalmente fechado e qual o melhor lugar para vermos um aparecer, pois esse era seu melhor presente. Era como uma tradição, e se não acontecia naquele ano, deixávamos para o próximo. Porém ela teve tanta sorte que conseguiu isso em três aniversários seguidos!

Naquele ano especificamente estávamos no início do ensino médio, e seu aniversário já havia passado há algumas semanas. Porém, sua família mudaria em breve  por conta do trabalho de seu pai, e como era muito longe, nos veríamos muito menos quanto gostaríamos. Talvez até uma vez por ano e queríamos completar a tradição antes que ela fosse embora.

    Estávamos em Treeland Sea, o nosso lugar favorito de toda a cidade. Lá era um espaço enorme cheio de árvores, pequenas colinas onde havia cursos e eventos para as pessoas e onde fazíamos nosso trabalho voluntário todos os sábados. Lá também havia o melhor lugar para observar todos fenômenos naturais do céu, inclusive arco-íris.

— Faltam duas horas para eu ir, e hoje é certo que choveria e teria sol! Eu queria muuito ter completado a tradição desse ano, poxa… — seus olhos mostravam nitidamente a decepção que ela sentia naquele momento.

— Ei, não é como se nunca mais fossemos nos ver! — eu a animei— Quem sabe você pode vir para cá no próximo ano no seu aniversário?

— E se eu não puder, Ly?... — ela suspirou.

— Daremos um jeito, a gente sempre consegue! — Dei um tapinha em suas costas.

— Eu quero acreditar nisso de verdade!

— Ei, se anima! Você vai para um novo ambiente, novas possibilidades, lembra? Me prometeu que não sairia com essa cara.

— Mas você não vai estar lá…

— Oh, minha pequena Fluttershy, eu vou aprender projeção astral, lembra?

— Kelly, você não existe! — ela me disse com um sorriso em sua face e em seguida me abraçou.

E as duas horas se passaram, pareciam dois minutos apenas depois de tanta conversa com muitas risadas e um bom piquenique.

— Eu vou sentir falta do Treeland… nosso lugar favorito!

— É, nosso lugar favorito…  — soltei um suspiro.

— Você disse para eu me animar e agora está aí com essa cara. — ela fez uma careta,

— Tem razão, mas quando chega a hora fica mais difícil.

— Verdade e… nossa que nuvem enorme! E minha mãe já me mandou mais de 3 mensagens eu acho melhor eu ir!

— Mais de três sms é um sinal de alerta! — brinquei.

— E uma nuvem enorme e escura também é. — ela disse e rimos juntas.

— Melhor a gente ir ou vamos nos molhar!  

— Sim, vamos, eu quero passar na banca ainda e ver se saiu o volume 9 de Sweetness!

— Você e seus mangás, tá bem, vamos, só espero que a gente não pegue uma chuva enorme!

— É como uma aventura né?

— Tudo é uma aventura pra você Lyra! — ri novamente e seguimos nosso caminho.


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    Algumas horas mais tarde eu estava em minha casa lendo um pequeno livro sobre arco-íris. Queria aprender mais sobre eles e dar algum presente relacionado a isso já que não pudemos ver um esse ano. Foi aí que eu descobri algo chamado “prisma”.

“O prisma é utilizado para separar  a luz do espectro, formando assim o arco-íris."

Era o presente perfeito para a Lyra. Poder ter seu próprio arco-íris! No momento em que pensei em ligar para ela, vi seu nome piscar várias vezes na tela do meu celular. 

— Você nem vai adivinhar o que eu descobri!

— Kelly, olhe pela sua janela agora, por favor! Ou vá até seu quintal! — ela disse muito entusiasmada.

— Mas Lyra, tudo o que tem lá são nuvens bem feias se preparando para cair em nossas cabeças!

— É sério, não vai se arrepender!

Foi aí que eu vi e gostaria que minha câmera estivesse carregada no momento.. E naquela época os celulares ainda não tinham câmera infelizmente.

— Que tipo é?

— Eu não sei, eu nunca vi um igual a esse na minha vida, nem em sonho!

— Parece que…

— Está girando não é? Incrível…

— Parabéns!

— Obrigada, é o melhor presente desse ano, pena que não está aqui…

— Ei, eu estou!

— É verdade!

Quem registrou, registrou, quem teve a sorte de ver de perto nunca mais vai esquecer. Um arco-íris em espiral que fazia a volta e cobria toda a nuvem escura com suas cores e toda sua intensidade. Parecia mais de um, pois ele refletia quatro vezes, o que dava a impressão de estar girando. Foi o fenômeno mais maravilhoso que eu pude ver em toda a minha vida.

Foram poucos os que registraram aquele momento e infelizmente não há nenhuma foto publicada na internet sobre, sim eu pesquisei e não achei nada.

    Depois disso, eu enviei um lindo prisma para a Lyra, que me disse que foi o melhor presente que ela ganhou em toda sua vida. Continuamos nos vendo uma vez por ano e agora com a tecnologia avançando, temos mais formas de poder se comunicar além de sms e ligações.

E mesmo que eu não tenha nenhuma foto daquele dia, ainda acredito que as melhores visões e os melhores momentos, são aqueles que ficam guardados em nossa mente e coração, mesmo que não possam ser captados por uma câmera.

A melhor câmera de todas, sem dúvida, são os nossos olhos!

Valorize o que você pode ver, mesmo que seja apenas uma vez!

Sejam bem vindos ao meu blog!

Olá para você que acessou esse pequeno blog em fase inicial! Pode me chamar de Saki mesmo, prazer!
Eu escrevia em sites como Social SpiritNyah! FanfictionOnly AnimesFF-SOL e FanFiction, sendo que de todos esses hoje em dia só possuo conta no Spirit mesmo, as demais eu não me recordo se excluí ou ainda estão ativas.
Também possuía um blog chamado Mundinho da Saki, o qual foi excluído, por eu estar com bloqueio criativo e não ter mais ideias do que postar nele, fora que era uma mistura de resenhas e recomendações de animes que eu havia assistido com algumas das minhas fanfics e coisas pessoais. (uma verdadeira bagunça KKK)
Porém, resolvi criar este blog dedicado apenas a pequenos contos e fanfics de minha autoria, então se você gosta de contos pequenos, leves e relaxantes para ler está no lugar certo! 
Quero agradecer a todas as pessoas que acompanham e gostam das coisas que escrevo e principalmente à minha melhor amiga que me incentivou a voltar com a escrita este ano, me dando ideias de títulos e pequenos temas para escrever.
Também pretendo postar os mesmos contos que postarei aqui no Social Spirit e Wattpad (eu nunca postei nada por lá, então será uma experiência bem interessante!), sinta-se livre para me acompanhar nesses lugares também!
Qualquer crítica construtiva, elogio e ideias serão sempre bem vindos, assim como ajudo algumas pessoas que tem dúvida em relação a escrita, sempre gosto de aprender com meus leitores!
Bem, é isso! Apenas quis deixar essa pequena apresentação aqui. Espero que goste de todos os contos aqui postados, que se divirta, se emocione, se surpreenda e tenha uma experiência única agradável e relaxante se conectando a cada história!
Grande abraço!!