Pink Bobblehead Bunny

sábado, 20 de maio de 2023

A Nuvem Rosa - final


 

                                    A Nuvem Rosa - final


Notas Iniciais:


Depois de quase um dia inteiro de dedicação, consegui concluir essa pequena saga, haha! Ela me fez refletir, reativou minha criatividade e me fez retomar o bom hábito de escrever.
Quero agradecer novamente à minha melhor amiga, que fornece títulos incríveis que aguçam minha criatividade! <3

Boa leitura!


Onde paramos? Ah sim, claro!

Falando nisso, já faz um ano que eles não se viam, não é mesmo? O que eles tinham a perder ao voltar ao mesmo ponto de encontro?

Daven atravessou a praça sob a luz da nuvem rosa, enquanto Primrose estava sentada debaixo do Ipê colorido, girando uma pequena flor mágica multicolorida em suas mãos.

— Prim! — gritou ele do outro lado da praça, fazendo-a se virar uma vez, antes de voltar a encarar a pequena flor em suas mãos.

Daven se aproximou dela.

— Por que você saiu correndo daquele jeito? E logo no último dia da nuvem rosa?

— Você já deve saber.

— Um ano! Não nos vimos e nem nos despedimos durante todo esse tempo.

Primrose soltou uma risadinha irônica.

— Que dramático!

— Você não pode agir assim, especialmente depois de um ano sem me ver! — Daven sentou-se ao lado dela, debaixo do Ipê.

— Talvez eu devesse morrer. — disse ela em um tom sério.

Daven soltou uma risadinha.

— Agora você está sendo dramática!

— É o que todos dizem.

— O mundo seria um caos se "o que todos dizem" fosse a verdade absoluta.

Primrose se calou.

— O quê? Estou certo, não estou?

— Hmhm. — murmurou ela.

A expressão de Daven ficou séria novamente e ele soltou um longo suspiro.

— Me diga o que posso fazer por você, Prim... Como podemos resolver isso?

— Não sei, Dav. Estou sem alternativas e desisti de procurar...

— Você não pode desistir assim! Já tentou ir a algum lugar que só aparece no dia da nuvem rosa? Alguns lugares são únicos e só podem ser acessados nesse dia. Não têm nada a ver com Blue e Lilac, são raros e exclusivos.

— Eles têm nomes?

— Não, porque poucas pessoas conseguem chegar até lá. Talvez seja lá que encontraremos a resposta que precisamos! Pode ser a nossa chance!

Os olhos de Primrose se iluminaram por um momento, mas logo voltaram ao ar de tristeza anterior.

— Ahhh, que coisa terrível! Hoje é o último dia da nuvem rosa! Isso significa...

— Que só nos veremos novamente daqui a um ano, eu sei. — disse Daven, completando a frase dela.

— E é tudo culpa minha! — Primrose escondeu o rosto entre as mãos.

— Pare com isso! — Daven afastou gentilmente as mãos dela de seu rosto. — É difícil, eu sei, mas todos os anos passamos por isso. Nos vimos apenas uma vez este ano, e infelizmente passaremos mais um longo período sem nos vermos, mas podemos reunir pistas e recursos que temos, consultar os magos e os habitantes mais antigos de Blue e Lilac para descobrir o que aprendemos sobre esses lugares e se a resposta está lá, certo?

— Ahm...

— Prim?

— Certo... — Primrose assentiu, um tanto hesitante.

— Ótimo, estou indo para Lilac descobrir o que podemos fazer o mais rápido possível!

— Mas... teremos um ano — Primrose deu um sorrisinho desanimado.

— Quanto antes tivermos respostas, melhor!

— Talvez você tenha razão...

— Prim? — disse ele com uma expressão tão séria quanto a anterior.

— Eu? — Primrose levantou os olhos para encará-lo.

— Tenha mais confiança em si mesma! — Daven colocou uma mão sobre o ombro de Primrose, encorajando-a.

Primrose ficou sem reação, apenas observando o sorriso confiante do amigo. Continuou observando-o até vê-lo atravessar o campo magnético que dividia os dois mundos e desaparecer no meio da multidão ao longe, em Lilac.

 

~~

 

Mais um ano havia se passado, e muitas coisas haviam mudado nessa situação durante esse tempo. Primrose e Daven fizeram diversas descobertas, dedicando-se muito para encontrar uma solução para Primrose e a unificação dos mundos.

 

Daven descobriu que existiam cinco mundos quase inexplorados no total, que surgiam apenas durante um dos únicos dias da nuvem rosa, especificamente em 15 de setembro. Ele também descobriu que havia uma hora certa para entrar e explorar lá, sendo possível visitar apenas um mundo por ano. Era necessário purificar a mente e o corpo antes de entrar.

 

Primrose descobriu que sua mãe biológica tinha conhecimento desses cinco mundos e que ela havia nascido em um deles, mas cresceu em uma ilha distante de Middlesky, onde foi rejeitada por causa de seus poderes misteriosos e de seus olhos "incomuns". Não descobriu nada sobre o passado dos avós, mas encontrou algumas páginas soltas, fora de ordem, do diário de sua mãe. Estavam escritas em uma língua indecifrável que ninguém havia conseguido traduzir. Em uma das páginas, a única frase compreensível para Primrose era: "A resposta está nela".

 

Primrose juntou todo o material que conseguiu e aguardou ansiosamente o dia 14 de setembro chegar. Daven fez o mesmo.

 

~~

 

Às dez horas da manhã, na praça de sempre, no dia 15, quando a grande nuvem rosa pairava pelo céu, iluminada pela luz do sol que se escondia sobre ela, Daven e Primrose caminhavam em direção ao Ipê colorido para o tão esperado dia.

 

Seus rostos iluminaram-se ao se encontrarem novamente e logo correram um em direção ao outro, parando a uma pequena distância entre eles.

— Você nem sabe o que eu descobri! — falaram em uníssono por coincidência, o que fez com que caíssem na risada instantaneamente.

— Damas primeiro! — disse Daven.

— Bom, já que você insiste! — Primrose deu uma risadinha e sentou-se na grama, e Daven fez o mesmo.

Primrose tirou alguns livros e cadernos da mochila, incluindo partes do diário de sua mãe que ela havia encontrado.

— Não vamos estudar magia agora, certo? — brincou Daven.

— Ai, ai, Dav, não há magia que resolva você! — suspirou ela, fingindo desapontamento. — Estes são os livros que nos interessam, alguns encontrei no sótão da casa da minha irmã e outros na feira de magia em Blue. E, é claro, isso — ela apontou para as folhas entre eles — isso pertencia à minha mãe.

Daven pegou a folha e imediatamente começou a examiná-la. Virou de um lado para o outro e fez uma careta.

— A menos que sua sabedoria seja além do que conhecemos, não acho que você conseguirá decifrar esses textos! — disse Primrose, segurando o riso.

— Sua mãe era uma bruxa ou algo assim? — Daven perguntou curiosamente.

— Essa também é uma das grandes curiosidades que tenho! — suspirou, um tanto desanimada.

— Não desanime assim, vamos analisar o que temos!

— Você tem razão!

Daven examinou novamente as páginas com mais atenção e percebeu que em uma das folhas especificamente, algumas letras se destacavam mais que outras.

— Olhe para isso!

Primrose aproximou-se para analisar o que Daven havia percebido.

— Essas letras fazem algum sentido para você?

— Elas me parecem familiares, mas não faço ideia do que possam significar.

EDM eram as letras destacadas.

— Isso parece uma sigla ou um anagrama. No entanto, se for um anagrama... ou a palavra é muito curta ou está incompleta.

— Prim, você é incrível!

— Sou?

— Sim!

Primrose olhou para ele confusa.

— Vamos descobrir se isso é um anagrama ou sigla.

— Mas há infinitas possibilidades, Dav!

— É por isso que estamos em Middlesky, não é? — ele sorriu confiante.

— Não me diga que você...

— Exatamente!

Primrose começou a rir.

— Quem, em todos os universos, usa magia para resolver anagramas? Só podia ser você, Dav!

— Ria, princesa. Tenho certeza de que será útil para o seu caso.

— Ai, minha barriga. Eu precisava rir.

— Isso é um bom sinal! — ele sorriu.

Daven abriu sua mochila e tirou três frascos de dentro, juntamente com um pequeno recipiente vazio com tampa.

— Você tem uma caneta que só você usa na maioria das vezes?

— Sim, tenho. Aqui está! — ela limpou as lágrimas dos olhos por ter rido muito. — Não foi você quem reclamou de magia antes?

— Isso não é magia, Prim, é alquimia! — Daven disse confiante.

— Er... Dav... — Prim segurou o riso mais uma vez.

— O que? — ele perguntou, sem encará-la, concentrado no que estava fazendo.

— Alquimia é magia! — agora ela já ria da situação toda.

Daven também não conseguiu conter o riso.

— Eu sei, bobinha. Quero dizer, magia pura como a sua. — ele disse, dando um pequeno peteleco no nariz de Primrose.

— Ai! — ela segurou o nariz com as duas mãos, fingindo que doeu.

Enquanto Daven cuidadosamente misturava o conteúdo dos frascos e transferia para o frasco vazio, o colar de Primrose começou a brilhar.

— O que isso significa?... Nunca aconteceu algo assim antes... — Primrose pareceu assustada.

— Era para resolver o anagrama, a sigla, sei lá. Não para isso acontecer! — Daven coçou a cabeça confuso. — Mas vamos ver até onde isso vai.

— ESPERA, DAV! — Primrose segurou os pulsos dele. — E se isso... for algo ruim e algo ruim acontecer comigo ou... até mesmo com Middlesky?

— Calma! Confia em mim, esse tipo de magia é inofensiva! — Daven segurou as mãos de Primrose. — Eu jamais faria algo perigoso, especialmente para machucar você ou prejudicar o nosso mundo! Isso pode até ser a resposta que você procura.

Primrose suspirou, olhando para o chão.

— Apenas relaxe, ok? Pense... é uma chance.

— Uma chance... — ela suspirou novamente. — Ok!

— Certo, vamos continuar! — ele disse enquanto voltava com a última gota do conteúdo no frasco.

— Certo, Prim, eu preciso que você abra um dos seus cadernos. Quando eu derramar o conteúdo na caneta, eu quero que você escreva em uma das folhas as palavras que vierem à sua mente, tudo bem?

— Tudo bem! — ela assentiu.

No momento em que todo o conteúdo do recipiente estava misturado, Daven o derramou sobre a caneta que Primrose segurava.

O colar de Primrose começou a brilhar mais intensamente, e ela fechou os olhos. Como se estivesse em transe, pegou um de seus cadernos e abriu em uma folha em branco. Na primeira linha, escreveu a letra "E", depois na segunda linha a letra "D", e na última linha a letra "M". Daven observava ansioso enquanto as palavras se formavam em cada letra, enquanto Primrose escrevia.

Encanto

De

Moonstone

 

Logo abaixo, Primrose começou a desenhar um pequeno mapa simples, onde continham algumas pedras, um rio, duas árvores e um X entre elas.

E logo a magia terminou e o colar parou de brilhar, fazendo Primrose voltar ao seu estado normal.

— Isso foi… estranho. — Daven coçou a cabeça. — Um mapa do tesouro ou algo assim?

— Encanto de Moonstone, será algum feitiço? — Primrose disse igualmente confusa.

— Espera... Com licença, posso? — Daven fez menção de pegar o caderno e Primrose fez um gesto de aprovação.

Daven virou o caderno para si e fez uma expressão de surpresa.

— Me dê seu colar, por favor!

— Vai me roubar! — Primrose colocou a mão no peito, sentindo-se ofendida, fazendo Daven gargalhar.

— É sério, Prim! — ele disse rindo.

— Ok, toma! — Primrose tirou seu colar e jogou em direção a Daven, que pegou na mesma hora.

— Ooo, cuidado aí!

Primrose riu.

Daven pegou um livro bordô aveludado, que continha um símbolo dourado, e abriu em uma determinada página.

Nessa página havia o mesmo mapa e o desenho do colar de Primrose, aberto e fechado.

— Meu colar abre? — ela disse, sentando-se ao lado de Daven, surpreendida com a descoberta.

— É o que vamos descobrir!

Daven examinou cuidadosamente o colar de Primrose e, para sua surpresa, ele continha uma divisão quase imperceptível.

Após abrir o colar, havia um pequeno papel dentro dele. E dentro do papel, apenas a letra V.

— Isso é algum tipo de brincadeira? — Primrose disse impaciente.

Os olhos de Daven se arregalaram.

— Prim, é isso!

— Isso o quê? — agora ela parecia mais confusa do que nunca.

— Veja! — Daven abriu o índice do livro e começou a explicar.

Acontece que nesse livro foi onde ele fez a descoberta dos cinco mundos. Em cada capítulo do livro, explicava um pouco de cada um, e os números estavam em algarismos romanos.

E no início do quinto capítulo, estava o número 5, ou seja, "V".

Daven começou a ler algumas partes desse capítulo.

"No quinto mundo, tudo é mais simples e colorido, tudo é mais bonito.

Seus olhos se abrem para a realidade, mesmo contra sua vontade.

É onde até mesmo palavras indecifráveis se tornam claras e inefáveis.

Onde sol e lua se encontram sem se tocar.

É onde o caminho você encontrará.

E sua resposta enfim se revelará!"

— Onde o sol e a lua se encontram sem se tocar... — disse Primrose, colocando a mão no queixo.

— O limite de Middlesky! — os dois disseram em uníssono novamente.

O limite de Middlesky situava-se no ponto mais alto, em uma montanha coberta de grama verde, de onde era possível avistar Blue e Lilac no dia da nuvem rosa. O reflexo da mesma era mais intenso ali, revelando claramente a linha que dividia os dois mundos.

Para abrir o portal, era necessário recitar o poema em voz alta com grande concentração. Somente aqueles dignos das respostas receberam permissão para entrar. No entanto, se o coração estivesse tomado por más intenções, o portal se abriria para um mundo diferente e obscuro, cuja localização ninguém jamais descobriu, pois ninguém retornou para contar o que havia lá.

 

— Pronta? — perguntou Daven, segurando a mão de Primrose.

 

— Mais do que nunca! — ela respondeu, sorrindo para Daven.

 

Em seguida, Primrose começou a recitar o poema em voz alta, e o portal abriu lentamente. Daven observava-a e não soltou sua mão, demonstrando apoio. O portal se abriu, e os dois adentraram o quinto mundo.

 

Após caminharem bastante, encontraram o rio que os conduziria às duas árvores indicadas no mapa.

 

Ao chegarem lá, depararam-se com uma pequena pedra sobre a qual repousava um baú. No baú havia um encaixe que parecia ser a "chave" para abri-lo.

 

Nesse momento, as partes do diário da mãe de Primrose começaram a brilhar, sendo uma folha em particular mais evidente. O coração de Primrose acelerou, e ela sentiu uma vontade imensa de chorar.

 

— Dav... não sei se estou pronta...

 

— Prim... — ele colocou a mão sobre os ombros dela. — Não precisamos fazer isso se não quiser...

 

— Não! — ela enxugou as lágrimas. — Já chegamos tão longe... não é verdade? Apenas... leia para mim, por favor?

 

— Claro... — Daven assentiu, pegou a folha mais evidente e começou a ler:

 

"Minha amada filha Primrose,

 

Embora não esteja presente em sua vida neste momento e não possa testemunhar seu crescimento, saiba que fui injustamente afastada, devido a algo que nunca deveria ter acontecido. Por favor, não se sinta culpada por isso. É importante que você entenda o quanto é preciosa e amada, mais do que imagina

Provavelmente, você está vivendo entre dois mundos que não são o meu lugar de origem. Originalmente, Monstone era para ser o nosso lar, onde eu pretendia criar você. Infelizmente, por circunstâncias terríveis, isso não aconteceu. No entanto, nunca me esqueci das minhas raízes e do lugar de onde vim. Portanto, se alguém disser que abandonei nossa família original, saiba que é mentira

Fui para Moonstone com o objetivo de estudar e aprender novas magias. Foi lá que conheci seu pai, uma pessoa maravilhosa aos meus olhos. No entanto, Morgravia, sua ex-companheira, nunca nos deixou em paz. Seu pai a amou por um tempo, mas quando ela tentou roubar a antiga magia da linhagem do seu pai para ganhar mais poder, sem considerar as consequências, ele perdeu a confiança nela. Eles acabaram se separando. Seu pai passou dois anos sozinho e desesperançoso, acreditando que nunca encontraria o amor novamente, até que eu entrei em sua vida.

Quanto a essa magia, ela era guardada a sete chaves pelos ancestrais do seu pai, pois possuía o potencial de destruir metade de Moonstone e dividir os mundos. Inúmeras vidas seriam perdidas. No entanto, aquele que obtivesse essa magia se tornaria incrivelmente poderoso, capaz de realizar todos os desejos.

Sua avó nunca teve acesso pois era uma pessoa amarga e fria, então a magia era protegida pelo seu avô.

Infelizmente, Morgravia alcançou seu intento. Após o seu nascimento, ela e Enchantia, sua avó, não conseguiram aceitar toda a situação e conspiraram contra nós. Sua avó sempre preferiu Morgravia como nora, em vez de mim. Elas fingiram estar felizes com seu nascimento e nos visitaram. No início, resisti a essa visita, pois sentia algo ruim no ar. No entanto, seu pai acreditava que devíamos dar uma chance e buscar a paz novamente

Durante dois meses, tudo parecia bem. Elas visitavam você, traziam presentes, e tudo aparentava ter mudado. Na realidade, era um plano para descobrir onde a magia estava escondida. Em cada visita, elas observavam cada detalhe e cada movimento nosso, arquitetando um plano para alcançar seus objetivos.

Naquele fatídico dia em que seu pai estava fora da cidade e eu estava debilitada pela doença, Morgravia se ofereceu para cuidar de você.

Inocente e inconsciente de suas verdadeiras intenções, concordei, confiando que ela cuidaria de você como se fosse sua própria filha.

Enquanto eu estava na cama, lutando contra a enfermidade que me consumia, Morgravia vasculhava nossa casa em busca da magia ancestral. Ela encontrou o baú com as chaves e, usando seus conhecimentos sombrios, abriu-o com magia proibida. Foi nesse momento que ela se aliou a seres das trevas e adquiriu um poder inimaginável.

Com o controle da magia ancestral em suas mãos, Morgravia lançou um feitiço devastador que rompeu os mundos, causando caos e destruição em Moonstone. Inúmeras vidas foram perdidas e as consequências foram terríveis.

No entanto, em um último ato de coragem, consegui transferir uma parte significativa da magia para você, minha amada Primrose. Era a única maneira de protegê-la da influência maligna de Morgravia e manter uma esperança de restaurar a ordem.

Agora, para reverter a situação e trazer Moonstone de volta ao seu estado original, existe um poema... um poema com magia dentro dele. No entanto, existem consequências, e para que tudo se restaure, além de recitar o poema, você terá que escolher entre as condições abaixo:

1 - O primeiro sacrifício: Você teria que se oferecer como sacrifício para que a magia ancestral fosse devolvida aos seus verdadeiros portadores. No entanto, uma alternativa seria encontrar alguém com quem você tenha um vínculo extremamente forte, alguém que possa fazer esse sacrifício em seu lugar.

2 - O retorno à ilha natal: Você, somente você, precisaria retornar à ilha onde nasceu, um local de grande poder e conexão com a magia ancestral. Lá, um ritual especial deveria ser realizado para quebrar o encantamento que separa os mundos. No entanto, você não poderia retornar a Moonstone.

 3 - O esquecimento seletivo: Como parte do feitiço de restauração, você teria que renunciar às memórias de um dos mundos, deixando para trás todas as lembranças e conhecimentos associados a ele. Você só se lembraria de um mundo, enquanto o outro seria apagado de sua mente. E com as pessoas que conheceu do outro mundo, ou do que você já vive, aconteceria o mesmo. E pelos próximos 7 anos, vocês não poderiam se aproximar, mesmo sem terem lembranças uns dos outros.

4 - O isolamento eterno: Você seria condenada a viver em completo isolamento, sem nunca poder interagir ou se conectar com outras pessoas. Seria uma existência solitária e desprovida de qualquer forma de companhia ou relacionamento. Essa condição traria uma solidão avassaladora e um vazio emocional constante.

5 - A dissolução das lembranças: Todas as suas memórias e experiências passadas seriam apagadas completamente, deixando você com uma mente em branco. Você começaria uma nova vida sem nenhum conhecimento do passado, sem lembrar das pessoas que conheceu, dos lugares que visitou ou das conquistas que alcançou. Isso resultaria em uma perda de identidade e uma sensação de estar perdida no mundo.

6 - A perda de um ente querido: Você teria que sacrificar alguém próximo a você, alguém que seja importante em sua vida. Essa pessoa seria levada pelos seres das trevas como pagamento para restaurar a magia ancestral. Essa condição traria dor e tristeza.

 

7 - A renúncia à própria existência: Você teria que abrir mão de sua própria vida, sacrificando-se para restaurar a harmonia dos mundos. Isso significaria desaparecer completamente, deixando de existir em qualquer forma ou plano. Essa condição é a mais drástica de todas, exigindo o maior sacrifício possível. Nessa condição, ninguém poderá fazer por você, a não ser você mesma.

O poema encontra-se no pequeno baú do quinto mundo, onde você provavelmente se encontra agora. A chave dele é o seu colar.

Querida, eu jamais gostaria que você fizesse nenhuma dessas coisas, porém os dois mundos não irão durar para sempre, eles têm uma duração de apenas alguns anos... e não são muitos. Então, por favor, querida Primrose, aja com o coração, eu sei que é doloroso fazer uma escolha, mas é necessário. Eu queria poder fazer isso por você, porém estou fraca e não sei quanto tempo aguentarei. Te amarei para sempre, minha amada filha. 

Com amor, sua mãe Eveline."

 

Daven engoliu em seco e parou de ler a carta, com as mãos trêmulas. Primrose chorava descontroladamente, com as mãos sobre o rosto. Daven a abraçou, tentando confortá-la.

 

— Então, Enchantia é sua avó... E... Blue e Lilac vão desaparecer... Todas as condições envolvem algum tipo de sacrifício seu, isso é injusto! — ele cerrou um dos punhos.

 

— Eu havia dito... devo morrer! — Primrose disse, abraçando-o forte, com as lágrimas que não paravam de escorrer.

 

— NÃO! — Daven segurou os ombros de Primrose, fazendo-a olhar para ele. Escuta, são sete condições, todas elas terríveis. Sua avó e essa tal de Morgravia foram... enfim. Talvez eu devesse...

 

— Nem pense nisso! Eu não vou sacrificar você, muito menos enviá-lo para as trevas! — Primrose segurou os pulsos de Daven, encarando-o furiosa.

 

— Certo, mas o que faremos? Não vou deixar você viver em sofrimento em nenhuma dessas condições! Nem se sacrificar, viver isolada, sem memória, desorientada e muito menos apagar a própria existência!

 

— Tem uma... que podemos tentar, mas...

 

— Mas acho que é nossa única alternativa... — ele completou.

 

— Eu não quero esquecer minha família, nem você! — ela disse, chorosa.

 

— Eu sei, eu também não... Mas você não precisa esquecer sua família, eu sou apenas alguém que você conheceu durante esses anos.

 

— Mas é importante para mim! Você também faz parte da minha família, você e eu... você... Daven, é isso que é injusto! — Primrose continuou a chorar, e ele enxugou suas lágrimas.

 

— São sete anos, Prim... Nós sempre esperamos um ano para nos vermos.

 

— Sete anos, Daven, sete! E não vamos nos lembrar de nada do que vivemos!

 

— Olha — Daven segurou o queixo de Primrose, chegando um pouco mais perto. — Se estamos destinados, como você disse uma vez pra mim, vamos nos reencontrar. Middlesky pode ser enorme, e... não moramos tão perto quanto gostaríamos, mas eu acredito nisso. — Sorriu confiante.

 

Mais lágrimas caíram do rosto de Primrose com aquelas palavras, e Daven se aproximou ainda mais. As bochechas de Primrose começaram a corar até que ele inclinou-se e depositou um beijo no topo de sua cabeça.

— V-você! — ela disse, apontando para ele.

— Eu? — ele apontou para si mesmo. — O que você achava que ia acontecer?! Vejo que está tão vermelha quanto uma maçã!

O rosto de Primrose ficou ainda mais quente.

— Ora seu...!

— Eu não fiz nada, Prim! — ele levantou as mãos em modo de defesa. — Você é que tem a mente muito maliciosa!

— Seu debochado! — Primrose desferiu um soco leve em seu peito, fazendo com que os dois rissem.

— Eu nunca te veria dessa forma, só fiquei surpreso!

— Eu também não, só estava brincando! — Daven sorriu.

— Aliás, eu sei que você gosta da Elysia, da loja de cristais ao lado.

Daven corou.

— Ora sua...!

— Ganhei! — Primrose levantou as mãos sentindo-se vitoriosa.

— Pelo menos você está sorrindo! — Daven apertou as bochechas dela.

— Sim! — Primrose assentiu. — Só você para transformar momentos terríveis em algo engraçado, Dav. Vou sentir falta disso...

— Eu também vou. — ele suspirou.

— Devemos contar aos habitantes?

— Não! Muitos querem te machucar, e isso seria a desculpa nojenta que usariam para isso.

— Você está certo...

— É...

E o silêncio tomou conta do lugar por um momento. Duas almas, duas pessoas completamente diferentes, mas iguais. Duas pessoas que se conheceram por acaso ou destino, que criaram tantas memórias, mesmo esperando tanto tempo para se encontrarem a cada ano.

Memórias que desapareceriam.

Mas tudo existiu, mesmo apagado, como se o tempo recomeçasse. Todas as risadas, todos os passeios, as conversas. Tudo esteve lá e jamais poderia ser apagado.

— Fica com isso. — Daven tirou um cordão com uma apatita azul que sempre carregava consigo. — Acho que pelo menos é suficiente para saber que estive na sua vida.

— Eu também tenho algo! — disse Primrose.

— Quando tudo isso acabar, será apenas um colar, então... fica com ele. — Primrose disse, tirando o colar de ouro que sempre carregou consigo no pescoço.

— Mas, Prim... isso era da sua mãe, é importante!

— Exatamente! — ela sorriu. — Confio em você para ficar com ele!

Então eles se olharam e Primrose abraçou Daven, que a girou no ar, fazendo-a gargalhar. Depois de um tempo assim, eles se separaram e ficaram apenas segurando as mãos um do outro.

— Pronta?

— Estou! — Primrose disse, com lágrimas nos olhos.

Primrose pegou o pequeno baú e seu colar. Colocou o pingente sobre ele, fazendo com que uma magia o percorresse, e então o baú foi aberto.

Dentro dele estava o poema, e cada um pegou uma ponta do papel. Daven e Primrose se entreolharam e começaram a ler em voz alta o que o poema dizia:

 

"No reino antigo de Moonstone,

Um só mundo, sem divisão.

Mas com o nascimento da escolhida,

Lilac e Blue tomaram direção.

 

Dois mundos separados, além das fronteiras,

Um destino traçado, distante, de primeira.

Mas no colar da escolhida, o poder se esconde,

A magia do passado, que ressurge e responde.

 

Com palavras de encanto e versos de emoção,

Unir Lilac e Blue em uma só união.

Desvendar o elo, romper a barreira,

De Moonstone novamente, ser a verdadeira.

 

Pelas dimensões, a poesia ecoará,

As almas vibrarão, o feitiço se formará.

Que Lilac e Blue, unidos em canção,

Voltem a ser Moonstone, sem separação.

 

Recite essas palavras com sinceridade,

De coração aberto, em total afinidade.

E assim, com o encanto que emana de dentro,

Moonstone renascerá, por completo e atento.

 

Lembre-se, a magia reside em seu ser,

No poder das palavras, no desejo de querer.

Que Lilac e Blue, entrelaçados no arco-íris,

Voltem a ser Moonstone, unidos e felizes.

 

Use este feitiço com cautela e sabedoria,

Pois o destino dos mundos está em harmonia.

Que a magia do colar possa se desvendar,

E Moonstone resplandecerá, para sempre reinar."

 

No momento em que recitaram todas essas palavras, a Nuvem Rosa começou a ficar mais forte. Os habitantes de Blue e Lilac saíram de suas casas para observar o fenômeno que nunca antes havia acontecido.

 

E depois de se tornar um rosa vibrante, as linhas que separavam os dois mundos começaram a se dissipar, e um céu azul timidamente surgia entre as nuvens. O rosa ia se tornando claro como algodão doce, e as nuvens se separavam como se estivessem se despedindo umas das outras.

 

Ao longe, na fronteira entre Blue e Lilac, um arco-íris se formou, contrastando com os últimos resquícios da nuvem que agora se dissipava quase por completo. O céu se tornou azul, como não era visto há muitos anos, e era possível ver nuvens brancas, cinzas e tons alaranjados, bem como a luz do sol, que mostrava cada vez mais o seu esplendor.

 

Todos comemoraram esse grande feito, abraçando-se e festejando pelas ruas. As crianças saíam para brincar, e as que já estavam brincando lá fora mostravam-se ainda mais eufóricas.

 

— Olha, mamãe, o céu está azul! — dizia uma garotinha para sua mãe.

 

— Há muito tempo não vejo tamanha beleza. É verdade que a nuvem rosa era linda, mas nos acostumamos tanto com ela que esquecemos da beleza do nosso próprio céu! — comentava um senhor com outro enquanto seus netos corriam pela praça, felizes por verem algo que nunca haviam visto antes.

 

— Papai, que faixas coloridas são aquelas? — perguntou um garotinho.

 

— É o famoso arco-íris, filho! — respondeu o pai.

Primrose e Daven, conscientes da importância de sua missão, olharam um para o outro com gratidão e amor. Sabiam que haviam desempenhado papéis cruciais para unir os mundos e trazer de volta a verdadeira essência de Moonstone. Embora os rumos de suas vidas pudessem seguir caminhos diferentes, o laço especial que compartilhavam nunca se romperia.

Um sussurro mágico percorreu o ar. Era a voz suave da magia ancestral, reafirmando a importância da união e da preservação desse equilíbrio recém-restaurado. Os habitantes prometeram proteger e valorizar essa conexão, lembrando-se de que, mesmo com suas diferenças, todos faziam parte de uma única e maravilhosa comunidade.

E assim, Moonstone renasceu como um reino unificado, onde Lilac e Blue se fundiam em perfeita harmonia. Seu céu azul brilhante e suas paisagens exuberantes refletiam a beleza de sua nova realidade. As histórias de Blue e Lilac seriam preservadas nas memórias e no coração daqueles que testemunharam essa jornada épica.

Primrose e Daven, envoltos na energia renovada de Moonstone, olharam um para o outro com um misto de emoções. Suas jornadas, repletas de desafios e sacrifícios, haviam chegado a um momento decisivo. Em silêncio, eles se aproximaram, sentindo a conexão que transcendia palavras.

Com corações cheios de amor e respeito, Primrose e Daven entenderam que seus destinos poderiam seguir caminhos diferentes. A força do vínculo que haviam compartilhado era indiscutível, mas eles perceberam que cada um tinha suas próprias jornadas a percorrer.

Olhando profundamente nos olhos um do outro, eles sorriram, sabendo que jamais esqueceriam os momentos compartilhados e as lições aprendidas. Prometeram manter a amizade e o apoio mútuo, independentemente das circunstâncias que a vida lhes apresentasse.

Enquanto se despediam, com lágrimas de gratidão e esperança, Primrose e Daven seguiram seus caminhos individuais. Sabiam que, no âmago de suas almas, o vínculo especial que criaram nunca se apagaria. A confiança e o amor que nutriam um pelo outro permaneceriam eternamente, independentemente das distâncias ou do tempo que os separasse.

 

Logo após o arco-íris se dissipar, todos os habitantes começaram a sentir um sono inexplicável e caíram adormecidos, quebrando o feitiço que separava Blue de Lilac.

 

Moonstone havia voltado ao seu estado original.


~~

Depois de uma semana, ninguém mais lembrava de Blue ou de Lilac. Era como se todos sempre tivessem vivido em Moonstone, desde sempre. As crianças, adultos e idosos estavam acostumados com o céu azul que pairava sobre eles todos os dias. No entanto, vez ou outra, uma pequena nuvem rosa aparecia e pairava por um tempo antes de se dissipar, encantando a todos que "nunca" haviam visto tal fenômeno.

 

Infelizmente, muitos esqueceram-se de seus amigos que fizeram, mas o destino é único e, muitas vezes, imutável. Acabam se reencontrando e retomando a conexão, sem conseguir explicar por que se sentem tão confortáveis uns com os outros, como se se conhecessem desde sempre (e realmente era verdade).

 

Você deve estar se perguntando sobre a regra dos sete anos. Infelizmente, isso só acabou valendo para Primrose e o lado que ela escolhesse, afinal, ela era a escolhida e com ela estava a magia. Caso ela escolhesse ficar ao lado de Daven, seria sua família que ela esqueceria, e vice-versa.

 

Ah, e quanto a Primrose e Daven? Eles estão bem, não se preocupe, caro leitor! Quanto a eles se encontrarem novamente ou não, existem muitas teorias entre as pessoas de fora que ouviram a história de Moonstone. Alguns dizem que eles se encontraram, outros dizem que jamais voltaram a se ver novamente. Quanto ao que realmente aconteceu, deixo para a sua mente imaginativa e pensante.

 

Só digo uma coisa: o destino nunca falha!

Considerações Finais:


Essa história foi um desafio, pois só escrevi uma história sobre magia uma vez. Pensei em vários finais, mas quando os escrevia, não faziam sentido.

O final que escolhi fez mais sentido para mim e estou feliz com o resultado. Adoro histórias que nos fazem pensar e criar nosso próprio final com nossa imaginação. Antes, não gostava disso, queria finais concretos.

Aprendi que uma boa história não precisa ter um final concreto, mas sim nos fazer refletir e imaginar diferentes desfechos. Isso é legal, pois estimula nossa imaginação e criatividade.

Depois de ler histórias assim, decidi experimentar esse estilo de escrita. Normalmente, minhas histórias têm finais definidos, mas é bom tentar algo diferente.

Espero que gostem! kkkk É uma nova e interessante experiência para mim. Se preferir histórias com finais concretos, tenho outras disponíveis.

Obrigada por ler até aqui! Se tiver ideias, sugestões ou um final alternativo para essa história, compartilhe nos comentários. Vou adorar ler!